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montesclaros.com - Ano 25 - terça-feira, 7 de maio de 2024
 

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Mensagem: Viagem no Trem do Sertão O Circo Orlando Orfei armou suas gigantescas lonas em Belo Horizonte. As entradas para o espetáculo e as passagens de Trem de Ferro já estão garantidas. São duas cabines e quatro poltronas. A saída será na sexta-feira, ás 19 horas. Conto dias e horas para a chegada do embarque. Na estação ferroviária, localizada na Praça Raul Soares, o barulho estridente de um sino alerta que em instantes o trem vai partir. Funcionários pedem aos passageiros que tomem os seus lugares. A correria é geral, com receio de se perder a viagem. Os vagões se abarrotam de conterrâneos nossos. O maquinista e o manobrista, de roupas de brim azul e amarelo, com quepe na cabeça, ocupam o primeiro vagão de cor vermelha com detalhes amarelos. A brincadeira de pega pega começa após o ensurdecedor apito do trem anunciar a partida. Dr. Simeão Pires com a esposa dona Terezinha e os filhos Beth, Leonardo, Eneida, Eduardo, Raquel, Simeão Filho e Neila estão no mesmo vagão que nós. Crianças de Mato Verde, que embarcaram primeiro, aproximam-se e a algazarra começa. Meu pai já tomou assento no vagão onde funciona o restaurante e minha mãe põe ordem nas cabines aonde iremos dormir. Nos corredores dos vagões o agente de viagem chama a nossa atenção: - Criançada, é perigoso correr e passar de um vagão para outro, todo cuidado é pouco! Durante o percurso, várias paradas para o embarque de novos passageiros. De Montes Claros a Belo Horizonte existem estações em: Bocaiúva, Buenópolis, Corinto, Curvelo, Sete Lagoas.... As passagens em formato retangular são diferenciadas por cores. As das cabines são rosa, as das poltronas amarelas e as de banco de madeira verde. Assim que o passageiro toma o trem a conferência é feita e a passagem picotada por um imenso furador de papel. Ás 21:00 horas o ¨bife a cavalo¨ pedido por meu pai no restaurante que funciona até as 22:00 horas rescende pelos vagões mais próximos. Na cabine os lençóis brancos estão convidativos. A cama de Eduardo (rapa do tacho) é montada sobre a enorme mala de couro alaranjada (gravada de tachinhas douradas com as iniciais de minha bisavó materna), aos pés das poltronas onde Bia e João estão acomodados. Nas cabines de duas camas estreitas escovo os dentes na minúscula pia. Respinga água pra todo lado. O chacoalhar do trem me dá enjôo. De janela aberta, embrulhada com uma manta xadrez vermelha e laranja, durmo com a brisa que sopra mansamente. A claridade e o sol forte no rosto dão sinais de que estamos próximos do destino. Deitada na parte de baixo do beliche, observo a beleza das serras, pastos, fazendas e animais. “Essa estrada leva e trás dor e alegria...” A chegada à estação de Belo Horizonte, recém pintada das cores azul e branco, por volta das 9:00 da manhã, è uma festa. Os passageiros, saudosos, correm para abraçar os familiares que os aguardam. “Vim do sertão lá do meio da chapada...” Hospedados no Oeste Hotel, é chegada a hora de tomarmos o táxi e de nos deliciarmos com o espetáculo do circo, o que dispensa comentários. O lanche feito na lanchonete do SEARS nos revigora e o corre-corre para a escada rolante é uma viagem fantástica de um andar para o outro. A visita ao Parque Municipal é recheada de travessuras. Os jardins bem cuidados parecem uma verdadeira floresta. De volta para casa, no domingo, a viagem parece não ter fim (gostaria que não tivesse mesmo!). A viagem de trem continua na minha cabeça de criança feliz do interior. Mês que vem começarão as férias escolares. Inúmeros montesclarenses virão de trem para matar a saudade da terra natal. “E mês que vem eu vou de trem pra Montes Claros...” Se Deus quiser!

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